segunda-feira, janeiro 15, 2007

Mind Altered State

Varreste-me para cemitérios de carros
onde bidões inflamados
são punhos na vertical da noite
e os corpos-faróis desconexos,
reflectem a febre do lume.
O cheiro a gasolina roça-me a nuca
e cambaleia em espirais para o ar,
uma coroa de gás
crava-se na cabeça das chamas,
transversal, a tremulação da noite,
o mel estelar sobre a acidez
dos vapores.

Entramos nós,
Dás-me a mão de olhos afastados,
mas eu sei, meu amor, eu sei,
sei-te esse sorriso...
Violino de aço corta o negro
e dentro do círculo dançamos como bestas
como bestas apaixonadas
beijamo-nos de dentes
e trincamos a luz!

Somos brasas em declínio
e nunca fomos tão belos.

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