a luz quente de um farol polar
- fazes-me bem...
disse-o num suspiro sem o querer dizer, é que pensei nisso com tal intensidade que os lábios se moveram sozinhos, embalados pelo brilho dos teus olhos...
- fazes-me bem...
repeti-o consciente já de voz bem definida, para ter a certeza que o ouvias.
- fazes-me bem, Íris...
e quando o teu nome vibrou no ar tu sorriste, sorriste sem força, sorriste porque era essa a continuação natural do que te vinha de dentro, violento e real. Uma breve humidade na arcada dos teus olhos, muita breve muito fina, uma gota apenas, de água salgada... morna.
- E tu fazes-me sorrir e sentir estranha com isso, como se afinal nunca tivesse
sorrido na minha vida. Como se afinal sorrisse pela primeira vez.
deixei que cada uma das tuas palavras se esgotasse no silêncio que se sobrepôs, deixei que cada uma descobrisse o seu lugar dentro de mim, o lar onde morariam para sempre, onde nem o tempo nem a dor conseguiriam, com os seus mil tentáculos, levar-lhes o mínimo de substância. E olhei-te extasiado... por fim perdido... que em mim algo desaba no momento em que começo a amar.
- sou um corpo de destroços, Íris, estou tão estragado que não consigo assimilar toda este fluxo de felicidade, é demais, inacreditável, sinto-o como que irreal, tão frágil que qualquer um dos meus fantasmas o pode destruir com o mais fraco dos sopros.
- Que és uma ferida fresca, ainda ensanguentada, já eu o sei, meu querido Virgílio, mas enquanto sangrares beberei todo o teu sangue, e se os teus fantasmas te levarem de mim, então irei contigo pois dentro de mim será mais o teu sangue que o meu próprio. É a única promessa que te deixo, ou nós na felicidade ou nós na agonia, mas sempre nós.
esticaste os dedos de ambas as mãos e colaste-os no meu braço, afastados, subiste o tronco e pousaste os lábios no meu ombro sem que houvesse a intenção de um beijo, estavas assustada – os maxilares cerrados, as narinas dilatadas os lábios esmagados um no outro - por mim, por ti, por nós... e assim soube que decidiras caminhar comigo até ao fim.
- fazes-me bem, Íris... (beijo... beijo... língua...carne...)
heis que dentro de mim - só eu o ouvira – um grasnido agudo, feito de ecos...
o primeiro dos fantasmas acabara de morrer, despedaçado por esse teu beijo nuclear...
como se afinal, nunca me tivessem beijado.
disse-o num suspiro sem o querer dizer, é que pensei nisso com tal intensidade que os lábios se moveram sozinhos, embalados pelo brilho dos teus olhos...
- fazes-me bem...
repeti-o consciente já de voz bem definida, para ter a certeza que o ouvias.
- fazes-me bem, Íris...
e quando o teu nome vibrou no ar tu sorriste, sorriste sem força, sorriste porque era essa a continuação natural do que te vinha de dentro, violento e real. Uma breve humidade na arcada dos teus olhos, muita breve muito fina, uma gota apenas, de água salgada... morna.
- E tu fazes-me sorrir e sentir estranha com isso, como se afinal nunca tivesse
sorrido na minha vida. Como se afinal sorrisse pela primeira vez.
deixei que cada uma das tuas palavras se esgotasse no silêncio que se sobrepôs, deixei que cada uma descobrisse o seu lugar dentro de mim, o lar onde morariam para sempre, onde nem o tempo nem a dor conseguiriam, com os seus mil tentáculos, levar-lhes o mínimo de substância. E olhei-te extasiado... por fim perdido... que em mim algo desaba no momento em que começo a amar.
- sou um corpo de destroços, Íris, estou tão estragado que não consigo assimilar toda este fluxo de felicidade, é demais, inacreditável, sinto-o como que irreal, tão frágil que qualquer um dos meus fantasmas o pode destruir com o mais fraco dos sopros.
- Que és uma ferida fresca, ainda ensanguentada, já eu o sei, meu querido Virgílio, mas enquanto sangrares beberei todo o teu sangue, e se os teus fantasmas te levarem de mim, então irei contigo pois dentro de mim será mais o teu sangue que o meu próprio. É a única promessa que te deixo, ou nós na felicidade ou nós na agonia, mas sempre nós.
esticaste os dedos de ambas as mãos e colaste-os no meu braço, afastados, subiste o tronco e pousaste os lábios no meu ombro sem que houvesse a intenção de um beijo, estavas assustada – os maxilares cerrados, as narinas dilatadas os lábios esmagados um no outro - por mim, por ti, por nós... e assim soube que decidiras caminhar comigo até ao fim.
- fazes-me bem, Íris... (beijo... beijo... língua...carne...)
heis que dentro de mim - só eu o ouvira – um grasnido agudo, feito de ecos...
o primeiro dos fantasmas acabara de morrer, despedaçado por esse teu beijo nuclear...
como se afinal, nunca me tivessem beijado.
1 Comentários:
Lindo... Absolutamente...
Por Fallen, Às 9:25 da manhã
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