deve ter sido numa dessas tardes abafadas,
daquelas que cortam o verão ao meio.
uma tarde em que as portadas de madeira tosca
estivessem batidas,
<---- ----="" fora="" para="">
as cortinas frágeis,
inchadas de vento,
encharcadas de luz.
as hoRAS l...e...n...t...a...s
a despreocupação de quem ainda nada sabe...
a ceifeira do Pessoa
que todos fomos,
quando em nós, a criança.
P.S. - e o bigode do meu pai, daqueles de 87:
a encimar-lhe o sorriso
O rádio perpétuo, e eu a beber-lhe a música toda
e eu a beber pedaços de então, que até hoje... que agora.
a antena oxidada, e por isso
os estalinhos do FM (~*~*)
nos olhos da minha mãe, aquele sol que molhava as cortinas
nos olhos da minha mãe durava um sorriso
encimado por um bigode,
daqueles de pré 90...
E eu a beber das colunas
deitado numa carpete desbotada
no soalho de madeira antiga
que rangia,
quando o meu pai ca-mi-nhava...
E este música de agora... eu sei que houve uma tarde
em que o verão, rachado ao me/io...
o sabor d'um pedaço de então...
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