sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Imobilidade


Esferas de pedra
é o que ele encaixa na cara,
depois de trajar os lábios
com um fio duro acinzentado.

É que nele, o murmúrio de algo agitado,
cessou.

(...)

Lê livros enquanto torce cabelos
nos dedos.
Como se a mão dele não fosse,
E ele não fosse todo saudade.

É que os abraços duram agora pouco tempo
- são os amigos que lhos cedem -
E de que é que a paixão se vai alimentar?
As memórias que vem trincando
Sabem a cartão.

(...)

Porque te deitas tão leve?
Como se não houvesse alegria que te pesasse.
“É que não há em mim, emoção que ondeie,
Sou um lago lunar.”

(...)

Hoje vi-o a fumar ao sol
E quando abriu os lábios para arremessar
O fumo, entrevi:
Um céu que de altura tinha sonhos
e um coração que os olhava, imóvel.

Se lhe soubesses os carinhos
Sabias tudo…

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