quarta-feira, abril 05, 2006

Nos covis do meu dorso




Levo-me aos extremos da fadiga,
lá, onde até certas dores adormecem,
onde os dragões, alquebrados,
tombam em vento com as asas pelo chão.

Sabe bem, fechar os olhos
e escutar-lhes o lume na garganta,
Levar a face à couraça morna e amolecida,
onde, por baixo, um caldo viscoso
lhes substancia as veias.

Ouvi-los falar no sono,
das aldeias incendiadas
sob o perímetro do meu corpo.

Afagar-lhes a crina espessa,
quando lhes sobressai uma inquietude.

Só assim saberei
que, hoje, os céus não se incendiarão...

1 Comentários:

  • Consigo perceber a sensação no meu corpo. É a memória dos dragões que também existem e adormecem debaixo de mim, estranhamente acordados de leve pelo poder das tuas palavras.

    Mais uma vez... não deixes de escrever!

    Por Blogger Inês, Às 10:19 da manhã  

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