Sábado de aviões, sábado de fome
ao meio-dia cessa o sono,
desço de elevador até ao patamar da consciência
e noto, no caixilho da janela, um rebordo dourado.
as gentes que soluçavam na Ribeira,
que cessem o lamúrio,
que os aviões impossíveis,
já se ouvem na distância, cantar à ponte,
o punk-rock da velocidade.
a fome não se demora,
engordava enquanto eu dormia.
um fio de azeite e polvilhado de pimenta preta,
sobre o alho sumarento,
no bife da vazia.
(pingos de saliva na tábua)
salada retalhada:
alface, cebola, cenoura e tomate -
perfumes verdes - e um último vermelho
que vibrante se escapa
no fervilhar do grelhador.
a boca ensalivada
de um animal que se alimenta, esfomeado,
É igual, em luxúria e excesso,
à sua boca inundada, na iminência do sexo.
A primeira garfada,
surge-me como uma experiência religiosa,
e...
Oh merda, esqueci-me do sal no bife!...
desço de elevador até ao patamar da consciência
e noto, no caixilho da janela, um rebordo dourado.
as gentes que soluçavam na Ribeira,
que cessem o lamúrio,
que os aviões impossíveis,
já se ouvem na distância, cantar à ponte,
o punk-rock da velocidade.
a fome não se demora,
engordava enquanto eu dormia.
um fio de azeite e polvilhado de pimenta preta,
sobre o alho sumarento,
no bife da vazia.
(pingos de saliva na tábua)
salada retalhada:
alface, cebola, cenoura e tomate -
perfumes verdes - e um último vermelho
que vibrante se escapa
no fervilhar do grelhador.
a boca ensalivada
de um animal que se alimenta, esfomeado,
É igual, em luxúria e excesso,
à sua boca inundada, na iminência do sexo.
A primeira garfada,
surge-me como uma experiência religiosa,
e...
Oh merda, esqueci-me do sal no bife!...