Este ougar interior...
Aqui jaz o meu corpo, envolvido por muralhas de trigo vergadas pelo vento. A luz cola-se ao meu corpo e semeia o calor; e o calor floresce e um fio ténue de suor desliza pelo peito. Uma borboleta aproxima-se sem que o silêncio se ressinta. Traz, na fragilidade das asas, um roxo rosado, pintalgado por um azul aquoso… como poças de água numa planície de mármore.
Esses passos…onde estás?... Sinto-te a caminhar, perto de mim. Procura-me com paciência, por favor. Sei quando estás perto, sei-o porque, nessa altura, o meu coração se encolhe e o meu peito incha, sei-o porque os meus olhos se incendeiam e a minha boca seca e os meus punhos se cerram e o meu dorso arqueia. Se me encontrares ensanguentado, não temas, porque no teu beijo há a salvação de todas as feridas. Por isso não desistas, pois se em mim te estenderes, viverás, para sempre, amada.
Estarás perto?... Quem tu és?